domingo, 26 de setembro de 2010

PA PANAMERICANO

Ps. Recomendo ler o post abaixo escutando: http://www.youtube.com/watch?v=Ayts1yexrqA  Porque os nossos momentos possuem trilha sonora. Rs.


A carne é algo que me fascina. A mal-passada, claro. O pedaço sangrando é mais saboroso. Não, não é um texto sobre homicídio. É só uma introdução para o sábado, movido pelo famoso churrasco entre amigos. A sexta-feira foi treze e passei a noite matutando coisas “tatuienses” (piada interna). No sábado de manhã acordei com o Giraia, passei a manhã estudando, embalada por um cd eclético. Depois, cortei o tomate em cubos, a cebola bem fininha, cheiro verde, coloca tudo na bacia junto com: vinagre e azeite. Mexe, mexe... pronto. A vinagrete está feita. E vamos à picanha.
                Todos estavam lá, menos o sol. O frio e o vento marcaram presença. A jurupinga se agarrou ao copo e não saiu da minha mão. Acende a churrasqueira com o pão – vivendo e aprendendo – um cheiro daqui, um carinho acolá e dále PA PANAMERICANO. De todos os viciados da turma, aquele que mais chamou a atenção foi o jogador. A bola do Ben Dez não saia de seu pé e nem do telhado. “Forró, troca essa música, eu quero forró!” mais um viciado. E a lista só aumentava. Cuidado ao abrir a geladeira, as bebidas cairão sobre você. Sem falar na catuaba que prometia levantar os ânimos, fato consumado.
                Eis o grande momento. Bucho cheio, goró no sangue e o Black Power na pista do forró. É chegada a hora de filosofar. Formou-se uma roda e cada um começou a inspirar e expirar suas experiências. Algumas curtas e sem propósitos, outras desafiadoras e sinceras até demais. Eu deveria ter me atentado aos sinais, mas fui traída pelo meu instinto e desejo, graças à filosofia aplicada.  E lá vamos todos à terapia de grupo. Mãos dadas, girando para o lado esquerdo e para o direito – PA PANAMERICANO. Sim, a esse momento o churrasco virara um restaurante vegetariano: uma salada. Hora de partir. E como? Uns de taxi e outros correndo risco de morte.
                A salvação ficou por conta de um pernambucano, Felipe. O garoto tem dezenove anos e veio para São Paulo passear, mas acabou ficando. Trabalha no posto da Vereador José Diniz. O cara é um herói nato. Acostumado a lidar com clientes loucos (tipo uma carioca querendo pendurar a conta de bebidas), nos forneceu cafeína e um belo sorvete de coco, combustível necessário para terminar a noite. E que noite! E um "bom dia" prazeroso. Ops, esse é outro capítulo. Um dia de cada vez. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

RIR PARA NÃO CHORAR!



No teatro Ruth Escobar está em cartaz a comédia “O amante do meu marido”, uma adaptação de Miriam Lins para o texto de Rodolfo da Rocha Carvalho, o “Carvalhinho”. Confesso que, em três anos de sucessivas apresentações foi a primeira vez que me interessei em assistir a peça. A atriz Miriam Lins como diretora do espetáculo e o ator de filmes para adultos, Mateus Carrieri me causaram um certo impacto, digamos, negativo. Porém, em uma tarde chuvosa de sábado pensei: Porque não? Talvez sim. E fui.
                No teatro a aglomeração de pessoas no hall anunciava uma luz ao final do túnel. Espetáculo bom, igual satisfação do público que resulta na divulgação da peça. O roteiro não me preocupava. Carvalhinho era um ótimo comediante. Atuou em algumas novelas globais e participou da época “dourada” do Zorra total. Faleceu em 2007 e fará falta. Agora, assistir a uma adaptação é sempre preocupante. A minha tensão só não era maior pois o valor do ingresso foi ínfimo: dez reais.
                Que soem os três sinais e abram as cortinas! Decepcionante... O cenário é deprimente. Tudo bem, eu não sou decoradora e nem tenho os melhores móveis. Mas, como “para um bom entendedor meia palavra basta”, decifrei que, em cima do palco encontrava-se uma sala. A empregada Doroty, personagem interpretado pela atriz Adelita Del Sent anunciava o tom sexy da peça: loira, alta, corpo saliente e uniforme quase imperceptível.
                Acho desnecessário ressaltar, porém, só para não restar dúvidas: o enredo agarra-se ao erotismo. Carvalhinho, quando escreveu seu texto, quis apenas contar a história de um aposentado que desejava ser ator e, após um teste feito por telefone (onde interpretava um homossexual), a sua vida conjugal virara uma tremenda confusão. O problema na adaptação foi o apelo. Milton Levy, que, sem dúvidas é um excelente ator, interpretou o protagonista: Esperidião. Haja palavrões, gestos obscenos e piadas sexuais. Mateus Carrieri, na pele do amante revelava todo o seu potencial: músculos calorosos, tatuagens vistosas e uma interpretação “à lá” Alexandre Frota. Miriam Lins quis abraçar o mundo e também atuou; interpretou a mulher de Esperidião (água com açúcar).
                Fico pensando... O que fizeram com a comédia? Ou melhor, o que fizemos como nosso conceito sobre a comédia? No próximo sábado chuvoso já decidi. Os filmes de Charles Chaplin me farão companhia.