sábado, 23 de outubro de 2010

Ermitão


Quantas pessoas existem no mundo? E quantos pensamentos diferentes dos nossos podemos encontrar? Vários momentos, inúmeras visões, infinitos desejos. Caminhar por todas essas sensações dá trabalho, é frustrante. Corremos o risco de nos afundar em ilusões profundas, e, muitas vezes sem volta.
Eu parei para pensar sobre isso nesta manhã. Ainda continuo a me entregar à vida de uma maneira superficial. Subestimo o destino. De nada vale esperar? Rs. Esperar pelo quê? Falo de amor. Por três vezes pensei ter encontrado o homem da minha vida. E “despensei” duas vezes. Hoje acordei e quis não acreditar mais uma vez. O problema é que eu não espero o tempo me dizer. Corro e acabo saltando do precipício. Decidi parar e sentir o vento forte.
Saí de casa para ir à padaria. Esperei o farol fechar, atravessei a rua e observei um casal que caminhava abraçado. Ele falava algo no ouvido dela e a menina sorria. Imaginei, durante cinco segundos, muitas frases possíveis. Escolhi uma que combinava melhor com a reação dela e com o meu momento; “Eu encontrei você e agora você não precisa mais esperar por mim”. Chacoalhei a cabeça e pedi um café. O whisky de ontem mexeu com os meus hormônios. Passei pelo farol aberto, a rua estava vazia. O café quente me fez trocar de mão umas quatro vezes.
 Abri a porta e acendi um cigarro. Pensei em todas as pessoas, que nesses instantes, encontravam seu parceiro.  Senti vontade de ser uma delas. Quem poderia ser? Quando iria acontecer? Tomei uma decisão importante. Vou me afastar um pouco do precipício e sentar em alguma pedra. Sentir a brisa do mar, respirar devagar, afastar meus cabelos do rosto, observar o céu e seus pequenos detalhes. Não adianta eu ficar na beira, nem tentar saltar e me afundar de novo. Sairia, mais uma vez, cansada de tanto lutar contra as ondas. Não resolverá a minha maior vontade. Agora, estou com os olhos fechados. Não enxergo nada e nem ninguém. Porém, percebo tudo o que se passa ao meu redor e ficará mais fácil de entender. Quando a hora certa chegar, eu abrirei meus olhos e deixarei  esse lugar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pitadas


O doce me enjoa. Aquela sensação de prazer que muitos descrevem ao colocar um chocolate na boca, não existe para os sentidos da minha língua e muito menos do meu coração.  Prefiro a aspereza do sal ou mesmo a agonia da pimenta. Sou baiana pelo acarajé, mineira pelo tutu de feijão, gaúcha pela carne, italiana pela massa. Prefiro não encontrar com o tailandês e passo longe do indiano.
Hoje voltei a bater de frente com as minhas emoções. É uma luta constante entre a frieza e a vontade de aquecer. Pensei e descobri que sou fria e por isso torno-me quente. Engraçado isso, a todo instante vejo e imagino casais trocando carinhos e juras de amor. Não acredito mais. E volto a pensar no sal grosso...O doce de leite arrepia.
Desci do ônibus e caminhei imaginando esse texto. Já é tarde e poucas pessoas caminhavam como eu. O segurança da concessionária fez jóia, ele me observa toda a noite, coisas do meu irmão.
           Acabei de pensar no Danilo. A essa hora ele provavelmente está, digamos, conectado. Amanhã, chega ao escritório com uma lata de energético. Fiquei de ensinar algumas massagens contra a insônia. Talvez uma barra de chocolate seja o suficiente, dizem que cura a ansiedade.